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Grupos de envolvimento masculino ajudam a criar um novo ciclo de práticas domésticas positivas

Quando Paulino Martinho Assane ouviu pela primeira vez os activistas da sua comunidade de Mutcave, na província de Nampula, em Moçambique, falarem sobre o envolvimento masculino na vida familiar, ficou fascinado.

A sessão abordou a importância de prevenir a violência doméstica, de os homens contribuírem para as actividades domésticas e para a prestação de cuidados às crianças bem como de apoiarem as mulheres durante a gravidez e o parto. Os activistas que realizaram a sessão foram formados pelo projeto Alcançar: Alcançar Serviços de Saúde de Qualidade para Mulheres e Criançasimplementado por um consórcio de parceiros internacionais e nacionais liderados pela FHI 360. O projecto Alcançar é financiado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

Assane é pai de quatro filhos com a sua mulher de 24 anos e, após a sessão, percebeu que queria participar no projecto Alcançar.

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Em cima: Paulino Martinho Assane e a sua mulher, Consida Maria Manuel, sorriem para a câmara com as suas duas filhas e o sobrinho. O casal está envolvido em actividades comunitárias lideradas por indivíduos que foram formados pelo projecto Alcançar.

“Temos uma tradição contrária a estas práticas", diz Assane. Ele explica que, na sua comunidade, os homens são os chefes de família tradicionais e muitas vezes não participam nas tarefas ou noutras actividades domésticas.

Agora, Assane faz parte de um grupo de diálogo para homens organizado pelo projecto Alcançar que promove o envolvimento masculino na vida familiar. "Ele [o projecto Alcançar] ajuda a abandonar práticas prejudiciais no seio da família", afirma.

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“[O projecto] tem-me influenciado positivamente porque noto que há harmonia e bem-estar em minha casa", diz Assane. "Levo as mensagens para outras pessoas, como os vizinhos, [e] costumo dizer que o projecto Alcançar passa boas mensagens sobre a convivência familiar.”

Redução da mortalidade materna

Em 2020, estimou-se que por cada 100.000 nados vivos em Moçambique, houve pelo menos408 mortes maternas. Isto é 83% acima dataxa de mortalidade materna global de 2020.

O número de mortes maternas em Moçambique é muito influenciado por atrasos na prestação de cuidados adequados. Os danos causados por estes atrasos realçam a importância de apoiar as mães em todas as fases do processo.

O projecto Alcançar tem como objectivo reduzir a mortalidade materna, neonatal e infantil nas províncias moçambicanas de Nampula e Zambézia e apoia serviços de saúde materna, neonatal e infantil de elevado impacto, de alta qualidade, centrados no paciente e transformadores do género.

“O apoio à saúde materna, neonatal e infantil não se limita à unidade de saúde - estende-se ao nível da comunidade", diz Ester Murray, conselheira de género e juventude do Alcançar na FHI 360. "A aplicação de uma lente de género à nossa programação colocou o projecto Alcançar numa posição de impacto sustentado na comunidade, bem como nos agregados familiares individuais.”
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Em cima: Assane lava a loiça e varre o chão. Participa num grupo de diálogo masculino que promove o envolvimento dos homens na vida familiar. Em baixo: Assane sorri com o seu sobrinho.

O projecto Alcançar toma várias medidas para abordar as desigualdades relacionadas com os desafios da saúde materna, neonatal e infantil. Estas desigualdades incluem a falta de acesso das mulheres à informação, às instalações de saúde e a outros serviços; cuidados de maternidade inadequados; violência baseada no género; e falta de envolvimento masculino na saúde materna, neonatal e infantil. Uma das medidas do projecto é uma abordagem de género e de inclusão social que dá prioridade à capacitação simultânea das mulheres e ao envolvimento dos homens.

Vendo mudanças em casa e na comunidade

Consida Maria Manuel, a esposa de Assane, também participou em palestras organizadas pelo projecto Alcançar e dadas por parceiros locais. Tanto Manuel como Assane afirmam que os grupos de diálogo do projecto afectaram positivamente a sua relação.

“Ele mudou", diz Consida sobre o marido. Dantes, Assane recusava-se a cozinhar para a família. Mas agora, ele "empilha e lava a loiça quando eu estou doente", diz ela. "Até cozinha para mim e para os nossos filhos.”
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Assane e Consida fazem as tarefas domésticas juntos. O casal diz que, desde que se envolveu em diálogos comunitários conduzidos por indivíduos formados pela Alcançar, Assane tem participado mais nas actividades domésticas e a sua relação é mais forte.

Os grupos de diálogo masculino são constituídos por cerca de 15 participantes de cada vez. Reúnem-se, em média, duas a quatro vezes por mês, durante um período de três meses. Os participantes podem escolher quando se reúnem, de acordo com os seus horários.

Outro membro do grupo de diálogo com homens, Daniel Rafael António, afirma: "A nossa comunidade mudou muito. Antes, eu era negligente com a saúde da minha mulher. Mas com o Alcançar, aprendi que devo acompanhar a minha mulher à unidade de saúde para fazer o pré-natal e ajudá-la nas tarefas domésticas.”
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Um grupo de diálogo com homens, cujo líder foi formado pelo projecto Alcançar, reúne-se para discutir o envolvimento masculino na vida familiar. Em cima, à direita: Daniel Rafael António fala durante o encontro. Em baixo: Assane ( o segundo da esquerda) e António (o segundo da direita) conversam entre si.

As sessões de reflexão comunitária organizadas pelo Alcançar, que convidam todos os membros de uma comunidade, abrangem uma série de tópicos, incluindo a abordagem das dinâmicas de género e de poder; ser um pai envolvido; melhorar a nutrição materna e infantil; e prevenir o assédio, o abuso e a exploração sexual. O projecto Alcançar também organiza outros grupos de envolvimento, incluindo grupos mistos com homens e mulheres, bem como grupos de jovens.

“Nos grupos de diálogo de homens, aprendi que devo participar na vida da minha família, bem como na saúde da mulher e da criança", diz Luciano Xander, outro participante. "Agora, levo a minha mulher a fazer exames durante a gravidez para ver se o bebé está bem ou não.”

Pôr as ideias em prática para a próxima geração

Assane e Consida transmitem o que aprenderam com o projecto Alcançar aos seus quatro filhos, com idades compreendidas entre os 4 e os 16 anos.

"Eles têm a oportunidade de aprender vendo", diz Assane, que diz que educa os seus filhos todos os dias, deixando-os vê-lo pôr em prática as mensagens do projecto.

“Digo-lhes tudo o que aprendo e aprendi [através] do projecto Alcançar", diz Consida. Em particular, ela diz aos filhos para, quando casarem, ajudarem as mulheres nas actividades domésticas, acompanhá-las ao hospital quando estiverem doentes e ajudá-las a cuidar dos filhos.

Agora que Assane começou a modelar estes comportamentos, "há harmonia e bem-estar em minha casa", diz ela.

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Assane e Consida com o sobrinho e a filha.

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Assane e Consida passeiam com o sobrinho e as filhas. Desde que Assane começou a participar num grupo de diálogo de homens liderado por indivíduos formados pelo Alcançar, Consida diz: "Ele mudou.”

SOBRE ESTA HISTÓRIA

O projecto Alcançar: Alcançar Serviços de Saúde de Qualidade para Mulheres e Crianças é financiado pela USAID. O Alcançar é implementado por um consórcio de oito parceiros internacionais e nacionais, liderado pela FHI 360. Os parceiros do consórcio são Dimagi, Ehale, Institute for Healthcare Improvement (IHI), Viamo, Associaçăo de Jovens de Nacala (AJN), HOPEM e PRONTO International.

O grupo de diálogo com homens desta história foi um dos vários organizados pelo Alcançar nas províncias de Nampula e Zambézia. Os parceiros do consórcio usaram o Kit de Ferramentas de Formação em Igualdade de Género, Inclusão Social e Juventude na Saúde Materna, Neonatal e Infantil desenvolvido pelo FHI 360 para gerar compreensão entre os profissionais de saúde e trabalhadores comunitários sobre a igualdade de género, inclusão social e juventude no contexto da saúde materna, neonatal e infantil.

Fotos creditadas a Mbuto Machili para FHI 360. Vídeo creditado a Alwin Sheriff/FHI 360. Foto © 2023 FHI 360; licenciado sob CC BY-NC 4.0.

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